Botou uma música pra tocar e
começou a escrever. Sentado sozinho no seu apartamento. Ele, o computador e a
criatividade, nada mais. Tinha tudo para ser uma história tranquila, uma
postagem épica no blog, que traria muitos cliques, fama, mulheres, dinheiro.
Mas essa não é uma história feliz. Não, meu caro leitor. É uma trama cheia de
reviravoltas, terror, mistério, intrigas, ou talvez nada disso.
Sentiu um cutucão no ombro. “Impossível”,
pensou. Tinha trancado bem a porta. Continuou escrevendo, concentrado. De
repente outro cutucão, dessa vez mais forte. O escritor se cagando todo de medo
vira a cabeça lentamente. Ao seu lado havia um ser humanoide, de corpo transparente,
com duas luzes azuis muito fortes no lugar dos olhos, parado, ou se movendo no
mesmo lugar, como uma antiga televisão mal sintonizada.
Nesse ponto é importante dizer
que essa história é baseada em fatos reais. Afinal, o que é real?
O visitante tentou se comunicar
por linguagem de sinais. Aparentemente não conseguia falar. O escritor tentou
avaliar suas chances de fugir. Muito pequenas. Teria que se entender com o
bicho.
Nesse ponto é importante dizer
que se você espera um combate, conflito, sangue, vai se decepcionar. E não é que é uma história feliz?
Eles se deram muito bem, considerando
as diferenças culturais. O dono do apartamento ensinou o viajante a usar o
banheiro, explicou como fazia para comer, mostrou as melhores músicas da sua
coleção e eles até riram juntos assistindo Monty Python. Jogaram futebol no
apartamento (os vizinhos reclamaram), jogaram videogame, desenharam, tocaram
guitarra e bateria fazendo cover do White Stripes (os vizinhos reclamaram de
novo), assistiram show de stand-up, pedalaram de bicicleta, foram no cinema, viajaram
no portal interdimensional, contaram piada de papagaio, nadaram na piscina.
Se despediram como velhos amigos.
Teria sido tudo uma ilusão? Ninguém sabe dizer. Mas desde aquele dia, quando senta
pra escrever, ignora todos os cutucões.
Qual era o nome do viajante primo? Talvez eu conheça... Não é o Gedimar não né?
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