quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Interrupção na Escrita

Botou uma música pra tocar e começou a escrever. Sentado sozinho no seu apartamento. Ele, o computador e a criatividade, nada mais. Tinha tudo para ser uma história tranquila, uma postagem épica no blog, que traria muitos cliques, fama, mulheres, dinheiro. Mas essa não é uma história feliz. Não, meu caro leitor. É uma trama cheia de reviravoltas, terror, mistério, intrigas, ou talvez nada disso.
Sentiu um cutucão no ombro. “Impossível”, pensou. Tinha trancado bem a porta. Continuou escrevendo, concentrado. De repente outro cutucão, dessa vez mais forte. O escritor se cagando todo de medo vira a cabeça lentamente. Ao seu lado havia um ser humanoide, de corpo transparente, com duas luzes azuis muito fortes no lugar dos olhos, parado, ou se movendo no mesmo lugar, como uma antiga televisão mal sintonizada.
Nesse ponto é importante dizer que essa história é baseada em fatos reais. Afinal, o que é real?
O visitante tentou se comunicar por linguagem de sinais. Aparentemente não conseguia falar. O escritor tentou avaliar suas chances de fugir. Muito pequenas. Teria que se entender com o bicho.
Nesse ponto é importante dizer que se você espera um combate, conflito, sangue, vai se decepcionar. E não é que é uma história feliz?
Eles se deram muito bem, considerando as diferenças culturais. O dono do apartamento ensinou o viajante a usar o banheiro, explicou como fazia para comer, mostrou as melhores músicas da sua coleção e eles até riram juntos assistindo Monty Python. Jogaram futebol no apartamento (os vizinhos reclamaram), jogaram videogame, desenharam, tocaram guitarra e bateria fazendo cover do White Stripes (os vizinhos reclamaram de novo), assistiram show de stand-up, pedalaram de bicicleta, foram no cinema, viajaram no portal interdimensional, contaram piada de papagaio, nadaram na piscina.

Se despediram como velhos amigos. Teria sido tudo uma ilusão? Ninguém sabe dizer. Mas desde aquele dia, quando senta pra escrever, ignora todos os cutucões.

Um comentário:

  1. Qual era o nome do viajante primo? Talvez eu conheça... Não é o Gedimar não né?

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